"Nos velhos tempos, as bençãos do arquétipo da Mulher Selvagem eram transmitidas pelas mãos e palavras da mulher que auxiliava as mães mais jovens. Especialmente as mulheres que estão sendo mães pela primeira vez têm dentro de si, não uma velha experiente, mas uma mãe-criança. A mãe-criança pode ter qualquer idade, seja dezoito, seja quarenta, não importa. Toda nova mãe começa como mãe-criança. Ela tem a idade suficiente para procriar e tem bons instintos que a orientam corretamente, mas ela precisa da atenção de uma mulher mais velha, ou de várias mulheres, que basicamente lhe dê sugestões, estímulo e apoio no cuidado com os filhos.
Durante muitos séculos, esse papel coube às mulheres mais velhas da tribo ou da aldeia. Essas "deusas-mães" humanas, que mais tarde foram relegadas pela religião ao papel de "madrinhas", compunham um sistema básico de nutrição de mulher-para-mulher que apoiava em especial as mães jovens, ensinando-lhes a alimentar, por sua vez, as psiques e as almas dos seus filhos. Quando o papel da deusa-mãe ficou mais intelectualizado, a "madrinha" passou a representar aquela que se certificava de que a criança não se afastaria dos preceitos da Igreja. Muito se perdeu nessa mudança.
As mulheres mais velhas eram os repositórios do comportamento e do conhecimento instintivo e podiam transmitir os mesmos para as jovens mães. As mulheres passam esse conhecimento de uma para a outra por meio de palavras, mas também por outros meios. Mensagens complexas acerca do que ser e de como ser são simplesmente transmitidas com um olhar, um toque com a palma da mão, um sussurro ou um tipo especial de abraço que diz "sinto carinho por você".
O self instintivo sempre abençoa e ajuda quem vem depois. É assim que funciona entre criaturas saudáveis e entre seres humanos saudáveis. Desse modo, a mãe-criança é levada pelo portal adentro, sendo acolhida pelo círculo de mães maduras, que lhe dão as boas-vindas com piadas, presentes e histórias.

As mulheres mais velhas eram os repositórios do comportamento e do conhecimento instintivo e podiam transmitir os mesmos para as jovens mães. As mulheres passam esse conhecimento de uma para a outra por meio de palavras, mas também por outros meios. Mensagens complexas acerca do que ser e de como ser são simplesmente transmitidas com um olhar, um toque com a palma da mão, um sussurro ou um tipo especial de abraço que diz "sinto carinho por você".
O self instintivo sempre abençoa e ajuda quem vem depois. É assim que funciona entre criaturas saudáveis e entre seres humanos saudáveis. Desse modo, a mãe-criança é levada pelo portal adentro, sendo acolhida pelo círculo de mães maduras, que lhe dão as boas-vindas com piadas, presentes e histórias.
Esse círculo de mulheres foi outrora o domínio da Mulher Selvagem, e era aberto a quem dele quisesse participar. Absolutamente qualquer uma tinha essa possibilidade. No entanto, tudo o que sobrou dele nos nossos dias é um farrapinho chamado "chá-de-bebê" em que são comprimidas no espaço de duas horas todas as piadas sobre partos — dons maternos e as histórias sobre os órgãos genitais, que não se encontrarão mais disponíveis para a mulher durante toda a sua vida de mãe."
Do livro "Mulheres que correm com lobos" (Clarissa Pinkola Estés)
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