quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

AmamentAção

O amor em ação!!!
Não vou usar esse post para falar de técnicas e dicas para amamentar, afinal, existem sites, blogs e outros profissionais muito bons nisso. Vou relatar um pouco da minha experiência e principalmente persistência, pois vejo que isso vai além de qualquer coisa que possam lhe ensinar.
Quando minha filha nasceu, mamou logo nos primeiros segundos de vida. Era como se a união da mama com a boquinha dela fosse um encaixe (cósmico) perfeito!
Ok... e naquele momento foi...
No dia seguinte já começava a perceber que não seria bem assim... A Isa tinha uma grande dificuldade de abocanhar o seio e, quando isso acontecia depois de muito esforço, era bem dolorido.
Dois dias após nascer, a Isa teve que ficar internada e eu fiquei junto a ela. Esse fato auxiliou e ao mesmo tempo atrapalhou em nosso processo. Dentre os pontos negativos estava aquele ambiente de hospital, sempre com muitas pessoas por perto, a poltrona que eu não conseguia nem encostar nem alcançar o pé no chão e que era a mesma que eu tentei dormir por vários dias. Por outro lado, estava sempre rodeada de enfermeiras tentando me ajudar, toda hora era uma que vinha com uma dica (encosta a barriga dela na sua, ela tem que pegar o mamilo inteiro, etc...), ou ainda apertando (mesmo) meus seios e colocando a boquinha dela neles... Tanta coisa somada ao cansaço do pós-parto, da rotina do hospital, dos seios extremamente machucados e doloridos que chegavam a sangrar, da bebê que se estressava por não conseguir mamar quase me fizeram desistir... E ainda olhando para a mãezinha ao lado que amamentava seu filho com uma imensa facilidade, ou para tantas outras que já haviam desistido da tarefa por diversos motivos e cederam a tão "salvadora" mamadeira...
Nesse ponto, por orientação médica, a Isa continuava tentando mamar no peito, mas a cada 3 horas tomava um complemento que eu tirava no banco de leite e era oferecido num copinho para completar sua mamada, pois começaram a desconfiar que ela passava fome pois não estava ganhando peso. Por sorte, estávamos num hospital que incentiva o aleitamento materno (aliás, percebi que a rede pública faz um belo trabalho em relação a isso, deve ser por conta do "custo-benefício" nas contas da saúde, além de todos os outros fatores já conhecidos).
Num belo dia uma amiga me emprestou uns tais bicos de silicone que protegem os seios e, como num passe de mágica, minha filha mamava surtivos goles de leite! Era inacreditável, todos que acompanharam a minha sina ficaram abismados com aquele acontecimento: "Olha, olha, ela está conseguindo!". Meus seios continuavam extremamente doloridos, muito mais que antes inclusive, mas a Isa estava conseguindo "pegar"... eu me contorcia, fazia caretas, mas enfim, tava dando certo.
Até que uma médica simplesmente me proibiu de usar os mágicos bicos, alegando que aquilo não era uma solução e que em poucos dias me fariam desistir de vez de amamentar ao invés de ajudar... Nesse ponto da história eu surtei. Fui ao banco de leite, onde sempre conversava com as nutricionistas e não aguentei mais segurar aquilo e desabei num choro. Entre soluços e as minhas anotações de mamadas, recebi novas orientações, sempre com muita atenção e paciência e descobri que os tais bicos não eram tão recomendados porque não são tão anatômicos como deveriam e muitas vezes acabam machucando mais o bico dos seios porque o bebê pode estar abocanhando de forma incorreta ou ainda porque não garantem que ele esteja realmente mamando ou somente "chupetando". Descobri também que no Brasil temos poucos modelos desses bicos, mas que em outros países a variedade era bem maior... Ufa! Então ainda tinha uma solução para os bicos mágicos não precisarem ser abolidos... Uma amiga estava no Canadá, então mobilizei meio mundo para conseguir falar com ela para que os tais bicos mágicos e agora gringos pudessem chegar até mim. E decidi usar os tais bicos intercalando as mamadas e observando a pega e se saia mesmo leite (e que se dane aquela médica!).
Essa foi a melhor coisa que fiz... mais do que ouvir orientações, foi seguir o meu instinto e tentar mais um pouco, pois nessa altura já estava cogitando desistir de vez.
Finalmente a Isa teve alta e voltamos pra casa. O ambiente mais tranquilo, mais descansada, a minha poltrona de amamentação e os benditos bicos fizeram uma super diferença, além das conchas para bicos invertidos... Em alguns dias ainda continuava sentindo dor, mas fui diminuindo gradativamente o uso dos bicos até que não precisei mais.
E a Isa mamava!!! Que alegria, a fusão estava acontecendo e eu estava até começando a sentir um certo prazer...
Até que...
É, não acabou ainda...
Dessa vez eu precisei ser internada... e o pior: a Isa não poderia ficar comigo. Como eu sofri, chorei por não poder amamentá-la, por tanto esforço e agora eu e minha pequena iríamos perder todo o tempo dedicado... Mas não desisti! Agora foi a vez de apelar para a bombinha de extração de leite. Três vezes ao dia estava eu lá, naquele quarto de hospital a bombear, três vezes ao dia alguém de casa ia buscar o leite (ficamos conhecidos como "disk-leite"), mas a produção estava diminuindo. Briguei com o médico pois queria poder amamentar minha filha no hospital, que meu leite estava secando, mas não adiantou, ele não autorizou e acabei entendendo os motivos de não poder, afinal ela ainda estava muito novinha para ficar se expondo ao ambiente hospitalar... Nessa altura tivemos que apelar para a fórmula vendida na farmácia, pois a Isa estava faminta... No início bebia 35ml no copinho, mas sempre queria mais, tanto que chegou a 120ml a cada mamada.
Mais de uma semana depois, finalmente tive alta. Ao chegar em casa, a primeira coisa que quis fazer foi amamentar, e foi incrível a forma e a vontade como ela pegou a mama... Talvez por saudades ou com medo de se afastar novamente de mim...
Só sei que desde então ela vem mamando muito bem, a produção de leite aumentou por consequência, sinto somente uma leve dorzinha, abandonei todo o meu arsenal plástico de ajuda e estamos indo muito bem, obrigado!
Uma das coisas que me deixa mais feliz é ver a cara de satisfação dela após cada mamada... e ela olha pra já com aquela boquinha de "eu quero".
Por isso reafirmo, no meu caso, valeu a persistência. Compreendo de verdade as mamães que tentaram mas acabaram por desistir, afinal cada caso é um caso e depende muito do processo físico e emocional de cada uma. Mas me sinto muito bem por estar conseguindo e espero poder fazer isso por bastante tempo...
 Enquanto isso, a ocitocina varando...

Eu recomendo:
Esse blog me foi indicado enquanto estava grávida pelo marido da blogueira, que também passou por bastante desafios durante o início da amamentação de sua filha, começou a pesquisar e escrever um blog e acabou se tornando consultora: http://amamentartudodebom.blogspot.com

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