terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Conhecendo os avós Pizzato

Tão logo a Isa saiu do hospital, os avós do sul vieram conhecê-la... esses sim vieram voando!
Foi muito bom o encontro, a criação dos laços e todos os flashes!

Isa com vovó Sandra e vovô Aydir

sábado, 21 de janeiro de 2012

Banho de luz

Com apenas 2 dias de vida, a Isa nos deu um grande susto! 
Logo depois do banho, a minha recém-chegada começou a chorar e ficar roxinha, cada vez mais... Tivemos que sair correndo (se pudéssemos teríamos saído voando!) para o hospital e não voltamos tão rápido assim... Chegando lá, descobrimos que ela estava com icterícia gravíssima. Foram 11 dias de internação no Hospital Mario Covas em Santo André... momentos de muita aflição de ter a pequenina tão próxima, muitas vezes chorando e não poder pegá-la, dar colo, aconchego.
Foram muitas horas no banho de luz, apelidado carinhosamente de "bronzeamento artificial" e "sauna" pra tentar amenizar a dor no coração.
Que frustração! Depois de fazer tanta questão de um parto humanizado termos que passar por isso... 
Embora estivesse sendo bem dolorido passar por tudo isso, sempre me colocava no lugar das outras mães que ali estavam com seus bebezinhos, quase todos em situações bem mais delicadas do que a minha, muitas delas há mais de meses... O que via no rosto de todas (e no meu também) era aquele ar de cansaço, sofrimento, consolo e esperança.
Foi aí que comecei a entender melhor a expressão: "Ser mãe é padecer no paraíso".
E também a começar a compreender o quanto é delicado gerar uma vida, sua fragilidade expressada a cada divisão cromossômica e a cada passo do destino. Mas também como é lindo e nobre o sentimento de ser mãe, a dedicação e auto-superação a fim de acolher e cuidar, a força e empenho digno de verdadeiras lobas selvagens protegendo suas crias.
Ahô a todas as guerreiras do amor que tive a oportunidade de conhecer por esse acontecimento que me deixou muitos aprendizados! Salve todas as faces de Ísis acalentando seus filhos pelos vãos frios das incubadoras!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Sheila na Gig - Abertura

Mitologia
Antiga Deusa do nascimetno e da morte, a figura risonha de Sheila Na Gig, com as duas mãos segurando aberta a sua yoni, adornada muitos portais de igreja até ser derrubada e destruída pelos ofendidos. Os celtas reverenciavam o poder sagrado dos órgãos genitais femininos e usavam esculturas que os representavam para proteção. Sheila Na Gig é retratada aqui como uma bruxa (mulher sábia) em toda a sua glória: caixa torácica de esqueleto, seios secos e caídos, com alguns dentes remanescendo e pouco cabelo, mas vibrante e desafiadora na beleza da sua idade. Essa beleza é direito de toda mulher, que deve reclamá-la. Ela desafia você a olhar para ela, enfrentar o medo de ficar velha e triunfar em sua celebração do que ficará velho e morrerá.
Significado da carta
Sheila Na Gig ri provocantemente para você e a convida a juntar-se a ela na abertura. Está na hora de abrir-se a novas experiências, pessoas, lugares e coisas. É hora de começas novos projetos, forjar novas direções, aventurar-se corajosamente. O universo convida você a sair e brincar. Talvez você tenha precisado limitar a sua energia para lidar com um ferimento, um luto, um final, ou então não tem sentido segurança para abrir-se. Talvez tenha precisado de um tempo de recolhimento, harmonização, concentração no seu íntimo. Sheila Na Gig está aqui para lembrá-la de que um período de concentração é seguido pela expansão e pela abertura. É hora de alimentar a totalidade integrando o que a distensão, a expansão e a abertura trarão.
(O Oráculo da Deusa -  Amy Sophia Marashiinsky)

Ritual de Passagem: Ela chegou!!!!

Certa vez lí num livro que o trabalho de parto é um ritual de passagem e, realmente concordo que essa é a melhor forma de descrever esse momento, tanto para a vida da mãe quanto para esse novo ser que vem chegando...
E o nosso ritual (meu e da Isa) começou ás 3h00 do dia 08 de janeiro de 2012, na primeira noite de uma linda lua cheia, que apesar do céu levemente encoberto, fez questão de se mostrar...
Nesse horário, ainda em casa, minha bolsa se rompeu... É incrível como dizem que, quando chegar o momento nós saberemos... e sabemos mesmo! Em meio a tantas contrações de treinamento, aquela foi diferente: ela anunciava o início do ritual!
Calmamente fui tomar um banho, acordar minha família e seguimos para a Casa de Parto de Sapopemba, que fica há uns 40 minutos de onde moro. Chegamos lá por volta das 4h00, fui examinada e só estava com 1cm de dilatação, logo de cara senti a ameaça da possibilidade de ter que ser encaminhada para o hospital da Vila Alpina... Fui orientada a caminhar para auxiliar na dilatação... Em meio à contrações que iam se intensificando a cada momento, fiquei curtindo a noite e ar fresco, observando as árvores e notando uma magia sobrenatural nelas. Esse foi o momento em que tive uma maior expansão da consciência, pois o nível da dor ainda me permitia isso. Foram diversas sensações e um contato espiritual muito intenso, uma abertura para o que estaria por vir. Nesse momento, só pensava na imagem de "Sheila na Gig" (não lembrava desse nome, claro), mas que é uma deusa da mitologia céltica e representa a "Abertura"... mais tarde fui entender melhor ainda o porque...
Após 4 horas, as dores das contrações me trouxeram para uma vibração mais terrena. Nesse momento estava com 4cm de dilatação, o que era pouco pelo tempo passado e por estar com a bolsa rota, por isso tive que tomar ocitocina sintética na veia, para aumentar as contrações, a dilatação e por consequência, as dores.
Daí em diante foram horas longas de passar, a maior parte do tempo fiquei sentada na bola em baixo do chuveiro com água quente escorrendo pelo corpo. Minha mãe que acompanhou todo o processo via em meu rosto a expressão do que estava sentindo e eu via nela sua aflição por pouco poder fazer para aliviar aquele momento.
Dentro de mim, algo dizia que era importante passar por essa dor, mas não sabia ao certo o que era, sei que por mais estranho que pareça, eu tinha vontade de passar por tudo isso.  Depois de vivida a experiência e ainda sem entender bem, lí num livro algo que fez bastante sentido:
"Para se conectar com partes muito escondidas de nosso ser, para investigar bem lá dentro e sair do tempo e espaço reais. Para entrar em um nível de consciência intermediário, um pouco fora da realidade. A dor permite que nos desliguemos do mundo pensante, percamos o controle, esqueçamos a forma, o correto. A dor é nossa amiga, nos leva pela mão até um mundo sutil, ali onde o bebê reside e se conecta conosco. Perdemos a noção de tempo e espaço. Para entrar no túnel da ruptura, é indispensável abandonar mentalmente o mundo concreto. Porque parir é passar de um estágio a outro. É um rompimento espiritual. e, como todo rompimento, provoca dor. O parto não é uma enfermidade a ser curada. É uma passagem para outra dimensão." (A maternidade e o encontro com a própria sombra - Laura Gutman).
Passadas 12 horas desde que tudo começou, o intensamente esperado momento chegou. Eu já não sentia mais forças nessa hora e sentia que não ia conseguir, foi quando a enfermeira falou, sabiamente: "Todas as mulheres dizem a mesma coisa nessa hora". Incrivelmente aquela frase teve um efeito estonteante, como se eu me unisse a força de todas as mulheres do mundo. Foi exatamente assim que me senti, como todas as mulheres do mundo! Feliz, conectada com Gaia, mas mesmo assim, ainda com muita dor. Uma outra sábia frase permitiu a liberação desse novo Ser, essa vinda agora de minha mãe: "Vem Isadora, sabendo viver, aqui é um lugar muito bom!". Era o que faltava...
E lá estava ela, milha linda filha! Exatamente ás 15h06, pesando 3045kg e 47cm, eis que rompe:
Isadora, a dádiva da lua!
Que sensação maravilhosa! Com poucos segundos depois do parto já estava ela mamando com toda vontade, junto ao colo da mamãe...
Eu estava exausta, ali mesmo onde estava permaneci por mais 6 horas, quase sem conseguir me mexer. Somente bem mais tarde conseguir unir um pouco de força para tomar um banho, ouvindo o chamado lá do fundo de mim mesma que minha filha precisava se nutrir e que eu não iria falhar.
Momentos depois eu já tinha ela nos meus braços e confesso, não houve estranhamento nenhum, foi amor a primeira vista! Em pouco tempo já estava provando esse sentimento lindo que só quem é mãe sabe dizer...
Bem-vinda Isadora! É tudo nosso!